quinta-feira, 31 de março de 2011

Giubbe Rosse - O Café Futurista



Quem pensa que Giubbe Rosse, na Piazza della Repubblica, em Firenze, é só um café charmoso, se engana. O lugar é, na verdade, muito mais do que isso. Trata-se do mais célebre caffé storico letterario italiano.

O negozio foi aberto em 1896, como um Café-Birreria dei Fratelli Reininghaus. Os fiorentinos encontravam dificuldade em pronunciar o nome estrangeiro e acabavam dizendo "andiamo da quelli delle giubbe rosse", isto é, "vamos naquele das jaquetas vermelhas". Sendo assim, em 1910, o café foi re-estruturado ao estilo liberty e recebeu o novo nome "Giubble Rosse", inspirado nas jaquetas vermelhas dos garçons.

A decoração moderna agradou os intelectuais, como Vladimir Lenin, Gordon Craig, André Gide e Medardo Rosso, que logo começaram a frequentar o lugar. Conta-se que Lenin era obcecado em jogar xadrez nas mesas do café.



Rapidamente o Giubbe Rosse virou ponto de encontro oficial da elite, intelectuais, jornalistas, políticos, artistas e escritores futuristas. Frequentado por Papini, Soffici, Marinetti, Umberto Boccioni, Luigi Russolo, Palazzeschi, Carlo Carrá, entre outros entusiastas do movimento de vanguarda italiano. Por lá aconteciam as reuniões literárias dos principais grupos futuristas e das mais importantes revistas da época, como "La Voce", de Prezzolini e De Robertis.



Com o início da Segunda Guerra Mundial e a ascensão do fascismo, o clima do café mudou bastante. Perdeu o tom alegre e revolucionário das discussões e a jaqueta vermelha foi trocada pela branca. Apesar disso, manteve-se como ponto de encontro dos intelectuais, como o grupo "Solaria", Pratolini, Henri Cartier-Bresson, Umberto Saba, Elio Vitorini, Curzio Malaparte, Dylan Thomas, Erza Pound e tantos outros. Com o fim do fascismo, a famosa jaqueta vermelha voltou a cena e dessa vez (espera-se) para ficar. Deste modo, o Giubbe Rosse se transformou em um mito vivo da cidade.




É verdade que a atmosfera do lugar não parece mais tão moderna aos olhos de hoje. Não tem mais o esplendor de outrora, assim como dificilmente encontrará as acalouradas discussões estéticas e políticas do início de 1900. Contudo, ainda hoje acontecem reuniões literárias por lá e o café preserva uma curiosa decoração futurista. As paredes são repletas de quadros, matérias recortadas de jornais, revistas literárias, fotografias dos intelectuais e livros futuristas. Um verdadeiro arquivo histórico, ou melhor, café histórico! Se lembrarmos que os futuristas revolucionários queriam mesmo incendiar as bibliotecas e museus, nada melhor que preservar um pouco da história desse movimento no Giubbe Rosse.

A minha sugestão é deixar as mesas externas para os turistas, entrar no café, seja para tomar um aperitivo ou apenas um expresso, e deixar-se contaminar pela atmosfera nostálgica das vanguardas.

Piazza della Repubblica, 13, Firenze.
Tel: 0055 212280

terça-feira, 29 de março de 2011

London Restaurant Week Dia III: The Narrow

Mais um dia de London Restaurant Week... Depois do Club Gascon e do L'Autre Pied, marcamos nossa visita para o The Narrow, do chef Gordon Ramsay. Infelizmente, esse não é o estrelado do Gordon (quanta intimidade....), mas deu para comer bem e apreciar uma vista maravilhosa do Rio Tâmisa... O local é um gastropub e eles aproveitaram o menu do almoço para servir no Restaurant Week. Bom para nós, que tivemos várias opções de prato para experimentar. O ambiente é super descontraído e foi perfeito para uma "reunião da mulherada". Nos outros restaurantes que fomos, ficamos um pouco melindradas em fofocar e falar um pouco mais alto...

Para inaugurar a noite, serviram um pãozinho com manteiga, que logo acabou e não foi mais reposto. Eu, que cheguei um pouquinho mais tarde, acabei perdendo... Três opções de entrada: sopa de alho poró, coquetel de lagostins e camarão ou carne seca com torrada e pickles. Fui nos lagostins e no camarão, que nada tinham de novo: um molhinho rosê bem preparado.


Coquetel de camarão e lagostins
Sopa de alho poró
Carne seca com torrada e pickles


Como prato principal, o haddock defumado com croquete de queijo e cebola e purê foi praticamente unanimidade... Uma delícia!! Havia outras opções: o macaroni and cheese, que estava super bem preparadinho e frango com ovo de pato (que falando assim pode parecer esquisito, mas vejam se a cara dele não está maravilhosa)...


Haddock defumado com espinafre e croquete de queijo com cebolas



Maccaroni and Cheese


Frango com ovo de pato


Para a sobremesa, crumble (farelos de torta) de maçã e amoras com sorvete de baunilha. Simplesmente sensacional!! Apreciei cada colherada!! Outras opções: pudim de pão com rum e sorvete de passas e lemon posset (um creme de limão e umas bolachas para acompanhar).


Crumble de maçã e amoras com sorvete de baunilha


lemon posset

Não vejo a hora de voltar num dia de sol para comer bem de novo e rever a vista do lugar!!


E viva o London Restaurant Week! Infelizmente, eu não pude visitar o quarto restaurante que tinha feito reserva... Vou ter que ir visitar em outra oportunidade. 



http://www.gordonramsay.com/thenarrow/

segunda-feira, 28 de março de 2011

London Restaurant Week Dia II: L'Autre Pied

E a comilança continua! Espero caber nas minhas roupas até o fim da London Restaurant Week...

A visita de hoje foi ao também estrelado (pelo Michelin) L'Autre Pied (a primeira visita que fiz pelo London Restaurant Week foi no Club Gascon), que serve comida contemporânea européia. O serviço é super bem preparado, mas confesso que tive um pouco de dificuldade de entender o sotaque afrancesado da garçonete quando ela nos descrevia os pratos. Quando chegou a carta de vinhos, escolhemos um dos mais em conta, mas não estava disponível. O maître sacou que a gente não estava lá para gastar os tubos e sugeriu um que também cabia no nosso orçamento. Estávamos dispostas a pedir mais uma garrafa se precisássemos (estávamos em 5), mas ele fez das tripas coração para a nossa garrafa render até o fim do jantar. Excelente exercício para agradar o cliente! Ponto para eles!

O menu tinha apenas uma opção do começo ao fim. Como ninguém na mesa tinha restrições alimentares (viva!), todas pediram o menu Restaurant Week. E gostamos muito! Começamos com a entrada, que era um tupinambo (Jerusalem artichoke) com ragú de feijão branco, sauté de cogumelos selvagens e óleo de avelãs. A combinação estava uma delícia e abriu meu apetite: era uma espécie de creme, com uma massa bem fina embaixo. Quase perguntei se podia repetir…



Como prato principal, tinha peixe: besugo (sea bream), brócolis, cercefi, purê de brócolis e emulsão de grapefruit rosa. O peixe estava na medida: tinha uma camadinha crocante por fora e super macio por dentro.


E, finalmente a sobremesa: Baked Alaska (glace au four, em francês, que é um sorvete revestido com uma camada de suspiro) com ruibarbo e sorvete de cardamomo. O ruibarbo é uma planta muito usada em sobremesas aqui (o caule, pois as folhas são venenoas). A primeira vez que eu comi ruibarbo, foi na casa de uma vizinha nos EUA quando ela fez uma torta de ruibarbo com sorvete de creme. Lembro do meu tio falando: “ah, abre a mão, moça, coloca um moranguinho nessa torta. Por que ir no mato catar ruibarbo?”. Confesso que eu torço um pouco o meu nariz para o ruibarbo, mas que no L’Autre Pied eles sabem usar o melhor dele, sabem! A combinação da sobremesa ficou super exótica e gostosa, pois como o ruibarbo é ligeiramente azedo, combinou muito bem com o sorvete e com a camada de suspiros que veio por cima. Isso sem falar na apresentação do prato, que estava impecável.



Estou amando as minhas experiências gastronômicas no London Restaurant Week. Aguardem as cenas dos próximos capítulos…



domingo, 27 de março de 2011

We all scream for ice cream




Finalmente chegou a primavera na Europa!
Depois de meses de chuva, neve e frio pode-se perceber uma mudança no ar: o Sol.

Sua aparição é timida, não chega a esquentar para valer e infelizmente os casacos pesados ainda se fazem necessários. No entanto, somos tomados por uma série de novas vontades como sair de casa para passear, lagartixar nas praças públicas para aproveitar os raios de sol, ver cores fortes (sejam nas flores como na moda) e tomar sorvete.
I scream, you scream, we all scream for ice cream!

Vamos combinar que a coisa mais difícil do mundo é não encontrar sorveterias na Itália, né? Elas estão a cada esquina, nos tentando a experimentar todos os sabores do lindo arco-íris de gelatos expostos na vitrine.

Lembro ter aprendido na escola que na verdade o sorvete foi inventado na China, onde era feito de neve e só foi levado para a península itálica junto com o macarrão, por Marco Polo, na época das grandes viagens marítimas. Engraçado que nós sempre imaginamos a gastronomia italiana, assim como a européia, sempre existiu e que as receitas vem sendo preparadas de gerações a gerações. Às vezes não nos damos conta que de estática, essa arte não tem nada.

Porque se pensarmos bem, os italianos só descobriram o macarrão e o gelato por volta de 1292. O tomate é um fruto de origem americana, assim como o cacau, que só foi introduzido na Europa depois do descobrimento da América. Com isso, podemos refletir sobre como era a alimentação européia antes das grandes viagens e como estas descobertas geográficas alteraram o cotidiano dos cidadões do velho continente.

Infelizmente nunca tive a oportunidade de experimentar um sorvete chinês. No entanto, já provei diversas vezes o gelato italiano, pelo qual admito ser appassionata. A minha sorveteria favorita de Florença fica do ladinho da Ponte Vecchio. Não lembro se quem a "descobriu" foi o Lorenzo ou o meu tio Cid, mas a notícia se espalhou mais do que as cartas sobre o descobrimento da América de Amerigo Vespucci e já virou um mito na famiglia.



Melhor localização impossível! É só chegar, escolher alguns dos sabores e apreciar a paisagem tomando um gelato. Os meus sabores favoritos são pistacchio, bacio (chocolate com avelãs), frutti di bosco (uma mistura de morango, framboesa, amora e blueberry) e o lampone (framboesa). Sempre frescos e com a consistência perfeita. Os gelatos à base de frutas são ideais para os dias quentes ou para o final de uma refeição pesada (bem digestivo). Já os cremosos (como o pistacchio, nutella, nocciole e o bacio) são perfeitos para aquele momento em que se cobiça um doce.

Meu favorito: gelato di lampone!

A gelateria fica na Via Lungarno degli Acciaioli, no caminho da Galleria Uffizi para il Ponte Vecchio, sendo assim parada obrigatória.

Seguindo a linha dos agradecimentos finais, fica aqui minha homenagem aos grandes navegadores italianos Amerigo Vespucci e Marco Polo. Grandes viajantes e utopistas!

sábado, 26 de março de 2011

O especialista em suflês

Outro dia estava conversando com meus pais a respeito do U.G e ainda não sabia qual seria o assunto do meu próximo post por aqui. Quando eles me falaram que iriam a um restaurante nesta sexta-feira que eu ainda não conhecia, não pensei duas vezes: me convidei para o programa!

E lá fomos nós para o Marcel. O restaurante já existe há um bom tempo aqui em São Paulo, mas eu particularmente nunca havia ido. Só tinha mesmo escutado meus pais falarem sobre ele e sobre os delciosos suflês preparados pelo chefe Raphael Despirite. Alíás, o Raphael parece ser o especialista dos suflês paulistanos. Segundo a lenda, você não encontrará em São Paulo outro suflê igual ao dele.



O cardápido francês do Marcel é bem variado. Caso você queira comer outra coisa que não suflê, não tem problema. Mas eu ainda acho besteira ir até lá e não provar pelo menos um potezinho pequeno do carro chefe da casa.

Bom, eu adoro suflê de qualquer sabor, seja ele doce ou salgado. Aquela textura aerada é tão gostosa e tão leve que parece uma espuma desmanchando na boca! Delícia!!!

Para começar, pulamos o tradicional couvert de pãozinhos-enche-a-barriga e optamos por uma entrada.

Pedimos um steak tartar (aquela carne crua picada na ponta da faca com vários condimentos). Tem gente que torce o nariz para este prato. Eu gosto bastante. Lembra a minha infância. Antes de servirem o steak, o garçom veio da cozinha com três pequenas porções para que pudéssemos experimentar e checar o ponto do tempero. Achei isso de extrema simpatia. Combinamos a entrada com um Riesling muito bom e geladinho, que meu pai trouxe de casa -"Riesling Hugel" da Alsácia. Recomendo.




Enquanto comíamos o tartar, já pedimos os suflês, que demoram um pouco para serem feitos. O legal é você ir lá e não ter pressa. Curta a sua companhia que o resto é por conta do chefe.


Momento dica importante: para as mulheres que não comem muito ou para aquelas que pedirem uma entrada (meu caso), o suflê pequeno é de bom tamanho. Fui mordida pelo bicho da gula, pedi o grande e quase não consegui deixar um espaço para a sobremesa (ahãnn!!).


Eu e minha mãe pedimos um suflê de champignon, queijo brie e alho poró. Meu pai pediu um de camarões, queijo e champignon. Quando os pratos chegaram a mesa, fiquei encantada. Aquela "massa" transbordando do pote, com casquinha dourada e crocante por fora e uma espuma aeradíssima por dentro. Nossa, se eu pudesse, classificaria isso como "comfort food". É muito bom! O queijo brie derrete naquela mistura e tem uma combinação perfeita com o alho poró. Para acompanhar tomamos o delicioso e caro Kai, um vinho tinto de uva carmenere. Arraso! Gente, sair com os pais para jantar é tudo nesta vida! Além da companhia, eles nos propiciam momentos ótimos e nos mostram coisas que talvez a gente nunca conhecesse!



De sobremesa estávamos super na dúvida de qual suflê escolher. Tinha goiaba, cupuaçú, frutas vermelhas, chocolate, banana, etc. Criamos até um momento "confusão na cabeça dos garçons" porque simplesmente não chegávamos em um consenso. No fim, o chocolate e a banana prevaleceram! Viva! O de chocolate era meio amarguinho e o de banana era uma doçura só (no bom sentido, claro). Gostei mais do de banana. Ele ganhou um espaço no meu coração, bem ao lado do suflê de abóbora com leite de coco do Ici (apresentado pela Flá).



Resumo da noite: nota dez! Adorei e recomendo. Vai lá que você não vai se arrepender!

Um muito obrigada aos meus pais, que sempre me proporcionam momentos agradáveis em restaurantes excelentes.


Marcel - Rua da Consolação, 3555 São Paulo - 11 3064-3089
Preço: $$$$


sexta-feira, 25 de março de 2011

Receita da Vovó

Desde pequena, passava a semana inteira pensando no que iria comer de sobremesa na casa da minha avó no almoço de domingo. Não tem nada de mais especial do que comida de vó. A minha avó materna (Dona Irene) sempre fez umas marmitas para a família inteira com doces e salgados feitos por ela, que começaram a ser mandados para as casas dos filhos, depois dos netos e até dos agregados da família. Todo domingo, a minha rotina na casa dela era almoçar depois de comer umas balinhas (que ela dava escondido de nossos pais para não levarmos bronca), comer sobremesa (que eu sempre repetia) e levar para casa a marmita, que sempre vinha com o nome do destinatário, carinhosamente embaladinha nos saquinhos verdes do supermercado. Isso sem falar quando eu ia passar férias na casa dela e ela fazia tudo o que eu gostava de comer. Coração de mãe é grande, mas de vó é maior ainda porque tem que caber mais gente (vó é mãe duas vezes, como diz a Dona Irene).


A torta de banana sempre foi disputadíssima na minha família. Eu lembro de ter lido uma crônica do Carlos Heitor Cony em que ele dizia que quando era criança tinha vendido a alma dele para o diabo para que tirassem ele de um castigo e ele pudesse comer uma torta de banana. Eu me identifiquei muito com a história porque, pela torta da minha avó, eu venderia minha alma para o diabo! A torta é super macia e a banana fica úmida na medida certa. Na parte de cima, o açúcar dá uma endurecida e fica crocante. Uma delícia é comê-la recém tirada do forno (a história que dá dor de barriga é história de vó, para não deixar os gulosos acabarem com a torta antes mesmo dela esfriar).
A execução da receita feita por quem entende do assunto (a minha avó) é perfeita, mas qualquer um que queira se aventurar, não vai precisar ter três filhos, seis netos e uma bisneta para poder fazer. A foto do post é resultado da minha primeira vez. 
Abaixo, segue a receita:





Ingredientes 

Para a massa:
3 xícaras farinha de trigo
2 xícaras de açúcar
1 xícara de maizena
2 colheres de sopa cheias de margarina
1 colher de chá de fermento em pó
4 colheres de sopa de óleo

Para o recheio:
6 ou 7 bananas nanicas maduras
Açúcar
Canela
3 ovos

1 xícara de leite

Preparo:
Fazer uma farofa com os ingredientes secos. Adicionar o óleo e a margarina e mexer com os dedos. 
Numa assadeira untada, colocar metade da massa. Colocar uma camada de bananas fatiadas no sentido do comprimento (corte meio grosso) até cobrir toda a masa, adicionando o açúcar e a canela. Colocar uma fatia de banana bem próxima da outra.
Adicionar a outra metade da massa e colocar por cima os 3 ovos batidos com leite. Por cima de tudo colocar canela e açúcar e levar ao forno quente (médio) até dourar.


Nem preciso dizer que sou eternamente grata à minha avó não apenas pela receita, mas pelo amor com que ela fez essa torta para mim. E, claro, por tantas outras coisas que só o amor de vó explica. A Dona Irene faz hoje 88 anos. Parabéns, vó! 


Flá

quinta-feira, 24 de março de 2011

Prá lá de Marrakesh


Marrakesh é sem dúvida um dos lugares mais interessantes que já visitei. Fui prá lá curiosa, mas também sem saber exatamente o que iria encontrar. Confesso que estava cheia de receios por não saber exatamente quais são as regras sociais desse país mulçumano, que fica no extremo norte da África. Para não ter problemas, assim que cheguei no Riad em que estava hospedada, perguntei à esposa do dono do lugar se ela tinha alguma recomendação (se precisava esconder o cabelo, usar algum tipo de roupa especifica e etc). Ao contrário do que imaginava, a resposta dela foi negativa, não precisava pensar em nada daquilo. Todas as marroquinas que vi nas ruas de Marrakesh usavam trajes tradicionais nas ruas. Os homens também. Casais andam lado a lado, mas não de mãos dadas e jamais demonstram carinho em público. Todavia, esses hábitos não são regra de comportamento no Marrocos. Existem outras cidades menos conservadoras, como Rabat, onde já é mais comum ver mulheres de calça (ao “estilo occidental”), e homens de terno. Eu viajei por todo lado, vestida de calça jeans e casaco de lã, já que era inverno. Claro que destacava no meio da multidão, mas jamais fui destratada ou alvo de olhares repreensivos, muito pelo contrário. Fiquei encantada com a simpatia e doçura das pessoas que encontrei.


Então, quem nunca pensou em visitar o Marrocos, repense! O país é simplesmente surpreendente.

É impossível um estrangeiro não se perder na medina de Marrakesh. As ruas do souk (Mercado) formam um labirinto e às vezes passa-se horas andando em círculos. Em um desses momentos, perdida pela medina, me deparei com uma construção interessante. Parei para tirar uma fotografia e logo um senhor que estava na porta fez um sinal com as mãos me convidando para entrar. Curiosa que sou, resolvi aceitar o convite. Quando entrei, percebi que o lugar era inacreditável, todo decorado com mosaicos de azulejos. Tratava-se de uma construção do século 17, um enorme palácio onde funciona um dos restaurantes mais tradicionais da cidade: Dar Essalam. Imagina que esse mesmo palácio foi cenário para o filme “O Homem que Sabia Demais” (1956), de Alfred Hitchcock! Fiz logo uma reserva e voltei lá na mesma noite.

Esta é a porta de entrada do restaurante

Uma das salas do restaurante




A proposta do restaurante é bastante interessante: uma noite marroquinha, com tudo que se tem direito. Isto é, um espetáculo de música típica, danças e o melhor da gastronomia local. Quando chegamos, fomos levados para uma mesa bastante aconchegante. O cardápio tinha várias opções de refeições completas, isto é, entradas, prato principal e sobremesa. Vai ser difícil dizer aqui os nomes dos pratos ou uma descrição detalhada de cada coisa. Tirei fotos só de alguns dos milhares de pratos e quem sabe algum expert pode ajudar a identificar. Posso apenas dizer que tudo era delicioso. Ali Baba nenhum seria capaz de por defeito!


De sobremesa, recebemos uma linda cesta com frutas da estação e doce feito de massa folhada com leite condensado e granulado. Bemmm doce.


Para beber, pedimos uma garrafa de vinho Les Celliers de Merknès (Cabernet Sauvignon), produzido no Marrocos, e estava tão gostoso que pedimos depois outra garrafa. O nosso garçom era uma simpatia, fez brincadeiras o tempo todo.



O lugar é mágico!



Fica a recomendação:
Dar Essalam
05 24 44 35 20
120, Riad Zitoune Kedim
Marrakesh, Marrocos

Dani

quarta-feira, 23 de março de 2011

London Restaurant Week Dia I: Club Gascon

Querido leitor, prepare seu garfo!! Como anunciado aqui no UG, começou o London Restaurant Week! Fiz reserva em 4 lugares diferentes! Aguardem os outros posts
Nunca pensei que fosse gostar tanto do Restaurant Week daqui de Londres. Fui com uma expectativa ajustada e pensei: “ah, vai ser um menu mais enxuto para comportar as 25 libras a serem pagas no jantar e eles não vão estar felizes em receber 4 estudantes”. Eu já fui algumas vezes no Restaurant Week em São Paulo e me decepcionei tanto com o cardápio e com o atendimento de alguns lugares que fiquei com um pouco de medo de ser igual aqui.
Fomos no Club Gascon, um restaurante francês que tem uma estrela Michelin (ai, a primeira vez num restaurante estrelado a gente não esquece...). A visita começou bem: fomos bem recebidas pela equipe toda do restaurante, que foi super atenciosa mesmo sabendo que a gente estava lá para pagar barato por conta do Restaurant Week. Quando chegamos, começamos logo com uns palitos de queijo parmesão que estavam uma delícia. De couvert, havia várias opções de pães, que podiam ser comidos com manteiga simples ou defumada (a defumada, eles me explicaram, é bem simples de fazer em casa: basta comprar um sal defumado e misturar à manteiga). O pão que eu gostei mais foi o de tomate com cebola, mas havia pão com passas e erva doce, baguete simples, dentre outros. Em seguida, um amuse bouche para abrir o apetite.


Couvert: manteiga simples ou com sal defumado


Depois, chegou a entrada, para a qual tivemos duas opções: um tartar de peixe com cuscus de couve-flor e vinagrete cítrico ou baby ravioles com molho de funcho e pérolas de manjericão (eram tão pequenos que eu não sabia se comia logo ou se falava: ai, que lindo!).


Baby Ravioles com molho de funcho e pérolas de manjericão

Como prato principal, pedi uma vitela ao sherry e cercefi (ambientalistas, não me prendam! É mais forte do que eu. Estava tão bom…), mas também tinha como opção um risotto de agrião e quinoa com cebola caramelisada e "alcachofra chinesa" (crosne).


Vitela ao sherry e cercefi


De sobremesa, tinha ruibarbo ao champagne com creme e laranja vermelha ou bolo de castanhas, sorbet de limão e côco.


Ruibarbo ao champagne com creme e laranja vermelha




Bolo de castanhas, sorbet de limão e côco


Para fechar com chave de ouro, vieram à mesa uns drinks digestivos de kiwi com chocolates. Tão gostoso que eu até comprei o livro de receitas para levar para casa! Visita perfeita: comida boa, atendimento excelente e preço que cabe no bolso!! Quem disse que é preciso ter muito dinheiro para ser feliz em Londres?


Para finalizar: digestivos de kiwi e chocolates: tudo uma delícia!


Para saber mais sobre o London Restaurant Week, clique aqui.


Se você está no Brasil e ficou com vontade também, clique aqui.


Quando fizemos nossa visita lá, nos disseram que esse menu que comemos é, na verdade, o menu de almoço que eles oferecem regularmente. Para quem perdeu o London Restaurant Week dessa edição (não há mais vagas nesse restaurante), pode ir na hora do almoço e aproveitar do mesmo jeito.


Site do restaurante:
http://www.clubgascon.com/index2.php


Flá

terça-feira, 22 de março de 2011

Copinhos da Bialetti

Quando fui para Florença visitar a Dani, passamos na loja da Bialetti, que fica na Piazza della Repubblica. A loja, que tipicamente vende máquinas de café, inovou em criar essas modernas xícaras de café que nada parecem com as tradicionais. Há de todas as cores possíveis: brancas, pretas, vermelhas, cores vivas, cores pastéis, dourados, prateados, etc. Eu, que adoro tomar café, comprei um kit para mim para tomar meu cafezinho brasileiro aqui em Londres. A Dani, que não gosta tanto de café, comprou um kit para ela para colocar suco de tomate, caldinho de feijão ou qualquer outra coisa que a imaginação mandar... O kit custa 11,50 euros.



Flá