segunda-feira, 4 de abril de 2011

Anísio Santiago: A água que todo passarinho gostaria de beber

Todos que me conhecem, sabem que o meu forte não é a bebida. Aí surgiu a idéia de pedir uma indicação de cachaça para um amigo que é especialista no assunto. Trata-se do jornalista e crítico gastronômico Pablo Schettini, famoso na região do Vale Paraíba. No caso, a apreciação da cachaça é coisa hereditária na família do Pablo, que conta com uma impressionante coleção da paixão nacional. Na adega existe algumas raridades históricas da produção nacional, como é o caso da Anísio Santiago:


Anísio Santiago se consagrou como um dos principais produtores de caçhaça de qualidade. Iniciou sua produção na década de 1940, nesta época toda sua produção era vendida a varejo na região de salinas. A cachaça, de altíssima qualidade, caiu no gosto dos consumidores e na década de 1950 inicio-se o engarrafamento.
O curioso na história de Anísio Santiago é que ele não vendia sua cachaça aos distribuidores. Sua produção era utilizada para pagar as contas do supermercado, açougue, funcionários, etc., que revendiam as garrafas, o que dificultava e muito a aquisição de uma destas.
Considerado um mito entre os produtores de cachaça, Anísio incorporou suas próprias técnicas à produção de cachaça de qualidade. Em sua produção, limitada a 10 mil litros anuais, apenas as partes mais maduras da cana são utilizadas e a cachaça descansa em tonéis de bálsamo por seis anos.
A cachaça batizada de “Havana” - mesmo nome da fazenda onde é produzida – passou a conquistar fama entre apreciadores em outros Estados e o nome, logo foi reivindicado como exclusividade por um fabricante de rum. A cachaça Havana passou então ao nome de seu criador “Anísio Santiago”.
Se uma garrafa de “Havana” já era cara e difícil de se encontrar devido à sua pequena produção, após a troca do nome, esta passou a raridade. Na época uma “Havana” chegava a ser negociada a R$ 800,00 entre colecionadores.
Em 1992 Anísio Santiago faleceu e seus filhos assumiram a produção da cachaça que é considerada a melhor e mais cara do mundo, mas que ainda fica longe do preço de um bom uísque. Uma garrafa da “Anísio Santiago” custa cerca de R$ 160,00 e na região de Salinas-MG segue sendo utilizada como moeda de troca pelos funcionários da fazenda Havana.

Pablo Schettini




Nenhum comentário:

Postar um comentário